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17 agosto 2013

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Estamos em silêncio assim faz muito tempo,
brincando de ser gente grande,
engolindo o choro dos aflitos.

Estamos em silêncio de nossos próprios gritos
e deixamos para o dia seguinte a resposta mais arrojada.

Vivemos em um silêncio incriminador,
de um jeito que vai matando aos poucos
os sonhos e as escaladas,
que vai desmoronando as beiradas dos precipícios
tornando mais perto o fim.

Viveremos em silêncio assim até que
o último grito escape
a caminho do poço.

Silêncio, enfim!

10 agosto 2013

Esses olhos

Feliz Dia dos Pais!
Olho teus olhos com respeito,
tentando adivinhar o que já viram,
ou não viram.

(Que sonhos se esvaíram por esse olhar
para deixá-lo tão espichado
como se perseguisse o arco-íris sem querer perdê-lo de vista?
Quais sonhos ainda restam nessas retinas de camufladas espiadelas?)

Os olhos que já viram tanto,
que espiaram muros e buracos de fechaduras,
expiam hoje a ausência do ser amado
Os olhos, esses olhos,
já olharam de frente, já se abaixaram,
já se arregalaram, já choraram,
já avistaram longe e se fecharam.
Os olhos, esses de pálpebras caídas,
devem mesmo estar cansados de tanto deixar escapar sonhos e perceber tormentos
Os olhos - esses mesmos -, cansados,
ainda soltam uma lágrima de definitiva saudade

(05-05-2012)